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O PADRÃO QUE LIGA: DO MICÉLIO À FILOSOFIA. UMA ABORDAGEM DA FILOSOFIA ECOLÓGICA NO ESTUDO DE FUNGOS E SUAS INTER-RELAÇÕES COM O HOMEM
CAZALINI, Vinicius Mantovani – email: viniciuscazalini@hotmail.com

A abordagem ecológica nasce do desejo de compreender como organismos são sencientes no mundo. Significa ter de explicar como organismos tendem a se comportar como se o mundo fosse coerente, de um modo regular, e significativo. O trabalho de Paul Stamets (1993) biólogo especializado em Micologia e dedicado por mais de 40 anos em seus estudos, defende em suas obras que os micélios são responsáveis por formar uma teia de relações que liga praticamente toda a vida na terra e que funcionasse de certa maneira como uma internet da natureza. Segundo ele, os animais possuem a relação mais próxima com os fungos do que qualquer outro reino. Em seus métodos de pesquisa e análise o enfoque principal sempre esteve nos fungos e em suas relações de interdependência com o meio e posteriormente a relação humana. O objetivo desta
dissertação é buscar entender o que liga os seres sencientes entre si, nesse caso específico os fungos e nós, que à primeira vista se mostram tão diferentes, e usar essa compreensão para com ela corroborar com a tese da Filosofia Ecológica de Gregory Batson que defende uma abordagem interdisciplinar dos fenômenos da natureza, além da busca de identificar os “padrões que ligam” as coisas do mundo. Também procuro defender novas perspectivas a partir da abordagem ecológica dos fenômenos como escrevem Gozales e Moroni (2011). A Filosofia Ecológica é uma vertente filosófica que tenta analisar o mundo para além da perspectiva do homem e suas relações, mas também de outras relações de outros seres vivos. Isso se mostrou uma discussão rica e muito interessante, uma Filosofia Ecológica que diferente de uma Filosofia da Ecologia não visa olhar a natureza em nossa análise humana das coisas, mas para além dos humanos superando o antropocentrismo, uma filosofia que inclui os animais, as plantas todos os seres e suas relações entre si e conosco Bateson (1980) e se esforçar para compreender como todas as coisas se encaixam. No caso dos micélios o autor (STAMETS, 1993) defende que eles sejam uma teia informacional que liga toda a vida na terra e que funcionasse similarmente a internet só que da natureza. Segundo Stamets o micélio é uma membrana sensitiva exposta, consciente e reativa a mudanças em seu ambiente, a mais de 465 milhões de anos atrás nós dividimos um ancestral comum. Muitos fungos se associaram com plantas, ajudando na captação de nutrientes do solo. Se acredita que essa associação permitiu que as plantas habitassem o planeta há 400 milhões de anos. Milhões de anos depois, outro ramo evolucionário dos fungos iniciou desenvolvimento dos animais, desenvolvendo estômagos primitivos para cercar aquilo que era digerido. Por outro caminho evolucionário, o micélio manteve a sua forma de rede de cadeias celulares entrelaçadas no solo formando uma gigantesca teia de informações e nutrientes onde várias vidas floresceram.

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