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A NOÇÃO DE UMA PERSPECTIVA DE SEGUNDA-PESSOA COMO CONSTITUTIVA DA NOÇÃO DE PESSOA
ELEUTÉRIO, Felipe - email: efsuef7@gmail.com

Este trabalho tem por objetivo tanto abordar a noção de pessoa tratada a partir de uma perspectiva de primeira pessoa (Baker, 2000) quanto a partir de uma abordagem de segunda pessoa (Gomila, 2008; Perez, 2013) visando contrastar ambas as perspectivas. Para Lynne Baker (2000), uma pessoa é compreendida como sendo uma entidade necessariamente capaz de uma perspectiva de primeira pessoa no sentido forte, isto é, capaz de conceitualizar a distinção existente entre si mesma e todo o resto, não apenas sendo capaz de reter pensamentos que possam ser expressos por meio da palavra “eu”, como também de conceber-se como portadora de tais pensamentos. Uma vez que Lynne Baker não leva em conta o papel desempenhado na constituição da pessoalidade de aspectos não-proposicionais, corporais, pragmáticos, entre outros, consideramos que a abordagem de segunda pessoa proposta por Toni Gomila (2003, 2008) e Diana Perez (2013) pode vir a nos auxiliar a compreender de modo mais adequado o conceito de pessoalidade. Para Gomila (2003, p. 198), a perspectiva de segunda pessoa supõe que o reconhecimento da pessoalidade do outro ocorre cara-a- cara, na relação com o outro, em interações ocorrendo espontaneamente, de forma direta, implícita e reativa. Um exemplo desse reconhecimento da pessoalidade do outro ocorre em circunstâncias corriqueiras em que duas pessoas que se olham, se sabem observadoras e observadas ao mesmo tempo e mutuamente se reconhecem enquanto pessoas (sem a necessidade de verificar a capacidade do outro de autorreferenciar-se em primeira pessoa no sentido forte). Gomila (2008, p. 161) vai mais além e defende que sem a atribuição recíproca e direta da pessoalidade não poderíamos ser sensíveis uns umas aos outros, não seriam possíveis casos de empatia, sequer condutas moralmente comprometidas. (Gomila,
2008). A promoção de uma perspectiva de segunda pessoa, por sua vez, nos permite considerar um maior número de fatores contextuais constituintes da pessoalidade que são gerados a partir da interação entre os agentes em sociedade.

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