SOBRE VERDADE E PÓS-VERDADE EM PEIRCE E RORTY
DUCATTI, Gabriel Engel - email: gabriel_engeld@hotmail.com
Analisar o conceito de verdade é algo de extrema importância para se pensar a política, a lei, a mídia, a ciência, etc. Mas, será que este conceito se relaciona diretamente com o que o mundo é, ou seria um recurso estratégico para se conceber o que é conveniente para uma cultura? Pensando este problema, o presente trabalho se propõe a levantar algumas reflexões filosóficas-interdisciplinares sobre o conceito de verdade a partir do pensamento pragmatista de Charles S. Peirce, e neopragmatista, de Richard Rorty; este autor defende uma perspectiva em que “fatos” e/ou “realidade” não podem validar noções de verdade, se distanciando assim das ideias de Peirce, para quem a verificação com os fatos, ou seja, com o mundo é de extrema importância no processo do conhecimento. Rorty, propondo que o emprego do predicado “verdadeiro” não passa de uma justificação de certas atitudes convenientes em determinados contextos de prática social, defende um abandono de tal predicado na filosofia. Já Peirce, mesmo adotando uma postura falibilista e ciente de que há certas verdades que podem se alterar com o tempo, não descarta a importância de se ter a verdade como norte a ser alcançado no processo de conhecer. Assim, buscamos neste trabalho traçar algumas considerações e relações entre as hipóteses pragmatistas sobre o conceito de verdade, e também sobre a
noção de pós-verdade. Este termo se apresenta cada vez mais em voga na contemporaneidade e, em breve síntese, trata-se de quando é dado mais valor a apelos emocionais e a crenças individuais, do que necessariamente a uma identificação com o mundo “objetivo” quando na definição de o que é “verdadeiro”; hipótese que, ao que parece, pode manter uma certa relação com o pensamento de Rorty.