ENTRE A TRANSMISSÃO E A IGNORÂNCIA: UMA PROBLEMATIZAÇÃO DO ENSINO DE FILOSOFIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
SOUZA, Igor Alves de - email:igorfilosofia2014@gmail.com
Este presente trabalho tem como objetivo problematizar as configurações atuais do ensino de filosofia na Educação Básica. O diagnóstico dessas configurações advém das experiências de ambos os autores, oriundas da iniciação à docência em filosofia através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), do estudo das políticas públicas que organizam as práticas inerentes ao ensino e aprendizagem (Parâmetros Curriculares Nacionais e Orientações Curriculares para o Ensino Médio), além do conhecimento das produções teóricas do ensino de filosofia no Brasil que analisam o atual contexto. Daí destaca-se que uma das principais características da
disciplina de filosofia no currículo da Educação Básica é estruturar as relações de ensino e aprendizagem em processos que visam à transmissão de conhecimentos. Para enunciar os pressupostos que sustentam este tipo de ensino, utiliza-se como fio condutor a função atribuída ao professor na escola, à luz dos conceitos enunciados por Rancièré em seu livro o Mestre Ignorante. O fato é que, dentro da lógica da transmissão, o ensino de filosofia raramente produz uma reflexão crítica sobre o presente e, muito menos, consegue estimular uma mudança de pensamento e conduta dos alunos e dos professores. Como o fio de problematização é o papel do professor, procura-se na figura de Sócrates, principalmente, nos diálogos Apologia e do Teeteto, provocar outras reflexões que permitam colocar em questionamento alguns desses pressupostos que permeiam as relações de ensino e aprendizagem e, supostamente, de uma formação filosófica. A vida e a morte de Sócrates, como são descritas por Platão em seus diálogos, funcionam como terreno profícuo de investigação para todos aqueles que habitam as relações de filosofia e seu ensino, uma vez que estabelece outros elementos formativos entre mestre e discípulo, fundamentalmente, no que tange a relação estabelecida com a ignorância, à missão que exerce em Atenas e a negação do papel de mestre.