INFORMAÇÃO, AÇÃO E BIG DATA
PASCOAL, Valdirene Aparecida - email: valdirenepascoal@hotmail.com
O presente trabalho tem como objetivo desenvolver uma reflexão acerca da relação supostamente existente entre informação e ação-autônoma. Para tanto, analisaremos inicialmente a noção de informação em variados contextos. O direcionamento das pesquisas acerca da informação geralmente possui um viés técnico, não incluindo questões éticas, ontológicas e epistemológicas que são intrínsecas ao se tratar desse conceito. Em contraste, ressaltaremos a abordagem semiótica de Charles S. Peirce que caracteriza informação como um processo. Ele elabora um conceito de informação a partir de três categorias fenomenológicas: a primeiridade, que expressa potencialidade, aquilo que é espontâneo e livre; a secundidade que é caracterizada pela existência, conflito, facticidade, esforço; a terceiridade é o que atribui um aspecto geral aos fenômenos, aquilo que se dá pela mediação, pela universalidade, pelo hábito e pela lei. A partir dessas categorias, Peirce caracteriza a informação de duas maneiras, no contexto lógico e no metafísico. No primeiro, informação é uma medida de predicação de um conceito. No segundo, informação é a conexão entre forma e matéria. No âmbito da semiótica, a informação também é caracterizada como um processo de comunicação de um hábito ou forma incorporado no ambiente, em que o signo faz a mediação entre objeto e interpretante. O signo é determinado pelo objeto e o signo determina seu interpretante. O interpretante é determinado imediatamente pelo signo e mediatamente pelo objeto. A correlação entre esses três elementos, cada um com uma função específica, a qual é indispensável para a constituição de um signo, dará lugar à informação. Um segundo momento, partindo da perspectiva que compreende os processos informacionais como responsáveis pela aquisição e desenvolvimento do conhecimento, questionaremos qual é o impacto das tecnologias da informação e comunicação, que estão cada vez mais presentes em nossas relações cotidianas, na rede complexa da vida contemporânea. Para isso discutiremos transformações que a Revolução da Informação tem possibilitado na relação agente-ambiente, focalizando as novas tecnologias digitais, que são aprimoradas diariamente, o Big Data e as affordances tecnológicas que propiciam ações, muitas vezes direcionadas pelos aparatos digitais, que afetam os mais variados nichos que constituem o planeta. Argumentamos que o estudo da informação é importante para entender, e até mesmo modificar as implicações que surgem quando temos instrumentos de tecnologias que direcionam nossas ações. Argumentamos também que questões que envolvem o conceito de informação são muitas e compreender a esfera que abrange esse conceito nos possibilitaria modificar hábitos, ações e estruturas que afetam não só as relações humanas, mas a forma que essas relações podem ser prejudicais aos organismos que coexistem conosco. Em uma visão sistêmica, pensar a informação sem um recorte ético é incompatível com a ideia de usá-la para a construção de um mundo melhor.