SOCIEDADE: DICOTOMIA NATUREZA-CULTURA E ALGUMAS IMPLICAÇÕES NASCIMENTO, Giovanni Bertelli - email: giovannibertellinascimento@gmail.com
A vida em sociedade nem sempre é agradável, a relação com o outro pode ser frustrante. A rejeição, o preconceito, o desentendimento, exigências descabidas, informação mal articulada e excessiva, dentre diversos outros revéses oriundos do relacionamento com o outro nos cercam de tal maneira que fica difícil não se sentir, pelo menos em certa medida, confuso e infeliz. Por que tal pessoa não me quer/quis como seu ‘y’? Por que me consideram ‘x’ em vista de ‘t’ raça, gênero ou/e aparência? Por que me sinto sem saber qual o correto – sem um critério capaz de objetivar – ao conflitar meus desejos, saberes e moralidade com os dos outros? Deveria eu querer e/ou fazer ‘a’ ou ‘b’, como decidir? Não é raro quem se desespere, anseie, surte, entristeça, estresse etc. ao chocar-se com problemas deste domínio nos quais as incógnitas representem algo temível, indesejável, dificultoso etc. ao sujeito. E o pior, uma gama desses problemas com o outro nos atingem diária e constantemente, inclusive as pessoas que participam desse grupo ‘não raro’. Logo, parece-me sensato, por mais que não esgote a problemática, perguntar-se pela possibilidade de esvaziar-se desses males em alguma medida, e se for possível, que se mostre algum, ou alguns, ‘como(s) ’. Para tal partiremos da observação de juízos e proposições emitidos comumente/cotidianamente que versam o outro, como: ‘você é mulher, deveria saber e/ou fazer...’, ‘é da natureza humana sentir medo’, ‘homem não chora’, ‘ela não tem medo de nada’, etc. Buscando mostrar uma crucial diferença entre natureza e cultura e algumas implicações que a acompanha. Uma vez esclarecida tal dicotomia busca-se esmiuçar parte de seu processo, referente a cultura, e adentrar de forma direta o domínio ético. Neste ponto é objeto de investigação o que chamaremos de juízo moral e seus componentes, como o sujeito ou agente moral e valores morais, além de investigarmos alguns dos supostos e objetivos éticos. De forma sintética e geral o objetivo deste ensaio é mostrar que existe certa cisão entre cultura e natureza, que sua confusão é desvantajosa e leva ao sofrimento, que o agente moral
consciente de si busca ser autônomo, e que a liberdade e a violência existem em alguma estrutura dialética que parece inevitável.