A CONDENAÇÃO DE 1277 E SEU POSSÍVEL PAPEL NO NASCIMENTO DA CIÊNCIA MODERNA.
GERMANO, Hudson Caike de Andrade - email: hudiiandrade7@gmail.com
A pesquisa tem como objetivo discutir o papel da Condenação de 219 proposições e argumentos deterministas extraídos da ou baseados na filosofia de Aristóteles, em 1277, pelo bispo de Paris Étienne Tempier e sobre o posterior desenvolvimento da Ciência Moderna a partir desta data. A questão da Condenação foi objeto de inúmeros debates e controvérsias entre alguns historiadores da filosofia e da ciência, dentre os quais se destacam Pierre Duhem (1861-1916) e Alexandre Koyré (1892-1964). Pierre Duhem defende que a Condenação marca o nascimento da Ciência Moderna, pois teria estimulado o surgimento de novos interesses intelectuais, libertando a ciência medieval da escravidão da cosmologia e metafísica aristotélicas. Segundo Duhem, ao incluírem os temas abordados nas proposições 34 e 49, que tratam, respectivamente, do movimento do mundo em linha reta (deixando um espaço vazio atrás de si) e da possibilidade de vários mundos, as autoridades eclesiásticas criaram um espaço favorável para discussões, entre os filósofos posteriores, que exerceram importante
papel no estabelecimento da revolução científica dos séculos XVI e XVII. Alexandre Koyré, por sua vez, se opõe à tese de Duhem. Seu argumento para isso é de que o embasamento das Condenações era totalmente teológico, não científico. Tendo em mente esta polêmica, a pesquisa será dedicada à análise filosófica da Condenação acima referida, com especial atenção às proposições 34 e 49, tentando determinar sua influência sobre o posterior desenvolvimento da filosofia da natureza. Tendo, portanto, como ponto de partida a polêmica entre Duhem e Koyré, a pesquisa buscará nas obras de Jean Buridan (?1300-1358) e Nicolas Oresme (?1323-1382), ambos da Escola Nominalista de Paris, uma possível resposta a este debate.