SOBRE A POSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO DOS QUALIA: UMA ANÁLISE A PARTIR DE THOMAS NAGEL
ALMEIDA, Gustavo Negreiro de - email: malbacu@gmail.com
Os qualia seriam sensações qualitativas advindas da experiência. Neste sentido, quando interagimos no mundo, adquirimos certas sensações, que seriam fruto dos efeitos das coisas no mundo sobre nós. Alguns destes efeitos seriam a vermelhidão do vermelho de um tomate, o cheiro de uma rosa ou o trovoar de um trovão. Entretanto, estas qualidades adquiridas seriam estritamente subjetivas, pois elas advêm da interação de um organismo, seja de qual espécie for, com o meio que o cerca. Sendo que ao termos a experiência de um tomate, de uma rosa ou do trovão as sensações advêm como a aparência que tais coisas têm para nós. Assim, este trabalho versará sobre a possibilidade de conhecimento destas sensações restritas ao organismo que interage. Como poderíamos formular uma concepção objetiva das sensações havendo a multiplicidade de organismos, humanos e não humanos, que as detém? Podemos compartilhar entre nós, seres humanos, estas sensações através da comunicação. Mas, por mais que haja um acordo comum sobre determinada sensação, não sabemos estritamente como é a sensação que outro indivíduo tem. Não sabemos como é a sensação de vermelhidão, o cheiro de uma rosa ou o trovoar para outro indivíduo, a não ser por meio da comunicação que faz com que as consideremos semelhantes. Porém, não extrapola o limiar do comum acordo. No entanto, o problema se agrava ao estendermos o problema a indivíduos dos quais não conseguimos nos relacionar e nos comunicar minimamente como nos relacionamos e nos comunicamos entre nós. Deste modo, abordaremos o problema a partir da proposta de Thomas Nagel (2014), conhecida como teoria de duplo aspecto. Nela, as sensações comporiam o que seria a atividade mental dos organismos. Tal pensador procura mostrar que podemos ter uma concepção objetiva do mental. Assim, buscamos analisar se os qualia seriam passíveis de serem conhecidos, sendo que eles seriam parte de nossa atividade mental.