top of page

A RELIGIÃO REVELADA E A MORTE DE DEUS NA FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO -
FERREIRA, Rafael de Melo - email:rafaelmmf1@gmail.com

Hegel, em sua Fenomenologia do Espírito (1807) descreve a marcha que o espírito faz ao longo da História, partindo da figura da certeza sensível até o saber absoluto. Nesta obra, Hegel descreve o momento da religião, como o espírito absoluto se manifestando na figura imediata da representação. No percurso, que começa com o todo abstrato da certeza sensível até o concreto do absoluto, a religião é um momento do espírito. Neste percurso, que é a experiência da consciência, ou experiência do espírito, o espírito é
sempre ato, é o pôr-se em movimento, em ação. É sempre o percurso de conhecer-se a si mesmo, que se completa na figura do espírito absoluto, momento posterior à religião. Sendo, esta, portanto, suprassumida no concreto do absoluto. A religião se manifesta em três momentos, a saber: religião natural, religião da arte e religião revelada. O objetivo deste resumo é compreender, especificamente, a religião revelada – ou manifesta – tal como ela se apresenta na Fenomenologia do Espírito. Toda a marcha do espírito é o seu vir-a-ser, sabendo-se como verdade. Mas não uma verdade pronta, acabada, concreta, mas uma verdade que se desenvolve, que devém dos seus momentos necessários. Destarte, na religião a verdade não se manifesta como ela realmente é, mas apenas posta em parte. Aí não é saber absoluto, posto que a verdade se apresenta na forma da representação, não na forma concreta. A religião se manifesta como verdade contingente. Sua verdade é verdade dada imediatamente, e, portanto, não passou pela paciência do conceito, próprio do saber absoluto. Isto quer dizer que, na religião, não há a mediação da reflexão sobre o que ela mesma diz. Na religião revelada, que é o último momento dentro da própria religião, há a compreensão da totalidade da substância, da totalidade do infinito e do finito – na figura do Deus que se fez carne e habitou entre nós – contudo, não há reflexão especulativa acerca do conceito. Ela pensa o universal, mas apenas o representa. A religião não detém a verdade da essência do conceito. A religião precisa ser suprassumida para que o espírito alcance o saber absoluto, e se reconheça tal como é em si mesmo. A filosofia, que é o saber absoluto suprassume a religião, tirando desta, a consciência da totalidade, contudo, não a tomando como imediata, mas mediatizada pelo conceito. O Deus da religião revelada morreu na sua suprassunção, mas ressuscita no saber absoluto. Embora Hegel, trate, em partes diversas de sua obra, a questão da religião, toda a exposição aqui feita será baseada no capítulo VII, da Fenomenologia, intitulado A Religião.

bottom of page