A VIRTUDE COMO MEDIEDADE NA ÉTICA NICOMAQUÉIA
SOUZA, Igor Ismarsi de - email:ismarsi_@hotmail.com
De início será exposto como se dá o conceito de virtude moral ou ética, no texto. O qual vem da divisão aristotélica das partes da alma, com relação ao sumo bem, a eudaimonia. Resultando na divisão da virtude em: virtude ética e dianoética. A virtude dianoética se relacionando com a parte racional da alma e a virtude ética se relaciona com uma parte da alma que é irracional, mas que ainda participa da razão, o que Aristóteles chama neste primeiro momento de princípio racional do Homem continente. Tal princípio racional seria a excelência de tal parte da alma, a virtude ética ou moral. A parte vegetativa da alma não tem nenhuma participação em tal princípio, mas sim, a parte desiderativa da alma, quando, em certo sentido, obedece tal princípio racional, pois, a pessoa continente, significa, propriamente, quem contem sua parte desiderativa da alma, seus desejos e prazeres. Mas não os eliminando completamente. Como ocorre com a temperança e com a coragem, se formos demasiadamente corajosos cairíamos na temeridade, ou demasiadamente pouco corajosos, na covardia. O mesmo referente a temperança, por excesso à libertinagem ou por falta à insensibilidade. Assim, Aristóteles chega que tal princípio racional, essa excelência de tal parte da alma será um meio-termo, uma mediedade, que está justamente entre esse excesso e essa falta. Neste segundo momento será exposto o que seria essa mediedade e alguns dos principais problemas acerca deste conceito adotado na ética Nicomaquéia. Como: a dificuldade de se estabelecer tal meio termos nas ações particulares; se seria subjetivo ou não; ou sua real importância para o agir humano em determinadas situações. Pois, essa mediedade não é um meio fixo, equidistante, entre o excesso e a falta. Cada ação, ou situação, terá sua própria mediedade, e para cada sujeito, mesmo que numa mesma ação. Para sujeitos diferentes haverá mediedades diferentes, mesmo para uma mesma ação com um mesmo sujeito em momentos diferentes, haverá um meio de excelência diferente em cada momento. Mesmo assim, Aristóteles evita cair em um subjetivismo, apesar de haver muita discussão sobre o tema entre os comentadores, colocando que o virtuoso atinge este meio termo em suas ações por adquirir o habito de ou por ter sido educado à assim o fazer, e não o contrário, já sendo virtuoso e depois agindo virtuosamente. Para Aristóteles para alguém ser virtuoso ele aprende a agir virtuosamente, adquirir tal hábito, o que ele chama de segunda natureza, e só depois podemos chamar tal pessoa de virtuosa, pois ela, assim, já atinge a mediedade em suas ações. Reconhecemos o virtuoso pelo seu habito de agir virtuosamente, e não por suas ações isoladas. Assim, por mais que as ações sejam subjetivas o virtuoso ou as virtudes não são.