INTERPRETAÇÕES DO MONISMO DE ESPINOSA
OLIVEIRA, Luis Felipe Alves - email: luisalves182@outlook.com
Espinosa sustenta que «com exceção de Deus, não pode haver ou ser concebida qualquer substância» (Ética I P14). Desde o século XVII, comentadores por vezes consideram essa tese implausível ou difícil de ser sustentada. A pluralidade da natureza parece contradizer imediatamente a tese ou, segundo o contexto cartesiano em que Espinosa escreveu, a pluralidade encontrada no status ontológico das coisas corpóreas finitas, os corpos ou regiões finitas da res extensa, parece fazê-lo. Não há consenso entre os leitores contemporâneos sobre como Espinosa aporta em seu monismo, havendo duas linhas interpretativas a esse respeito que serão exploradas nessa iniciação científica. Uma possibilidade é que a concepção de individuação desenvolvida pelo autor em Ética I P4 e P5 leva o autor ao argumento pelo monismo: corpos finitos não são substância por conta das características de sua individuação. Outra possibilidade é que Espinosa é levado ao monismo pela revisão da noção de substância, na qual corpos finitos não mais podem ser considerados substância. Uma terceira possibilidade, que será tratada nessa iniciação científica apenas como contraponto às anteriores, sustenta que o monismo não é uma resposta ao status ontológico dos corpos finitos. Ao invés disso, ele seria oriundo de uma revisão do conceito de matéria da ciência cartesiana. Esta hipótese é desenvolvida pelo Prof. Márcio Custódio no projeto «Matéria, Movimento e Substância», ao qual essa iniciação científica encontra-se vinculada. A investigação das duas possibilidades de leitura do monismo de Espinosa será feita com especial ênfase ao texto da Ética I e a correspondência com Henry Oldenburg. O propósito é compreender como o comentário especializado investiga o monismo, bem como compreender quais são as relações entre Espinosa e a tradição, especialmente o cartesianismo de seu tempo e o aristotelismo escolástico. A ênfase da pesquisa recairá sobre a relação entre o monismo e a individuação, assim como também será explorado o percurso de Ética I D3, A 1-2, P2 até P6-7.