Leituras sobre a contradição hegeliana
SILVA, Gabriel Rodrigues da – FFC/UNESP
Orientador: Pedro Geraldo Aparecido Novelli
Agência de Fomento: CNPq
Palavras-chave: Hegel; Ciência da Lógica; Contradição; Lógica; Metafísica
O propósito desta comunicação é apresentar e debater três interpretações sobre o significado e a função da contradição na lógica elaborada por Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). Considerada como uma das principais obras do filósofo alemão, a Ciência da Lógica (Wissenschaft der Logik) de Hegel é dividida em três volumes, os quais são: (1) A Doutrina do Ser (Die Lehre vom Sein), (2) A Doutrina da Essência (Die Lehre vom Wesen) e (3) A Doutrina do Conceito (Die Lehre vom Begrif), respectivamente publicados em 1812, 1813 e 1816. Sendo que as duas primeiras doutrinas – isto é, a Doutrina do Ser e a Doutrina da Essência – constituem a Lógica Objetiva (Die Objetive Logik) e a última doutrina – isto é, a Doutrina do Conceito – constitui a Lógica Subjetiva (Die Subjektive Logik). Nesta comunicação, me auxiliarei e seguirei, principalmente, a exposição realizada por Bordignon no primeiro capítulo de sua obra Ai Limiti Della Verità: Il problema della contraddizione nella logica di Hegel (2014), na qual a autora desenvolve e apresenta três diferentes leituras sobre o significado e a função da contradição hegeliana, as quais ela denomina do seguinte modo: (1) A contradição metafórica, (2) A contradição como erro do intelecto e (3) A contradição ontológica (Bordignon, 2014, p. 25). Desse modo, utilizarei tanto da bibliografia primária – a Ciência da Lógica de Hegel – quanto da bibliografia secundária – obras de estudiosos e comentadores da filosofia hegeliana. Todavia, minha apresentação seguirá, mais precisamente, o segundo volume da Lógica Objetiva, isto é, a Doutrina da Essência. Pois, é ao longo deste volume que Hegel expõe o conceito de contradição de modo mais preciso, o que ocorre logo após a apresentação dos conceitos de identidade e diferença. Tal exposição se dá, principalmente, no capítulo segundo da primeira seção – isto é, no capítulo As essencialidades ou as determinações da reflexão (Die Wesenheiten oder die Reflexionsbestimmungen), que faz parte da seção A essência como reflexão dentro dela mesma (Das Wesen als Reflexion in ihm selbst). Na Doutrina da Essência, o filósofo afirma que: “’Todas as coisas são em si mesmas contraditórias’, e precisamente no sentido de que essa proposição, frente às demais, exprime, antes, a verdade e a essência das coisas” (2017, p. 87). Desse modo, de acordo com Brandom (2002, p. 179), Hegel não somente afirma que existem contradições verdadeiras, como, também, as coloca no centro de seu pensamento. E, sendo assim, dada a importância da contradição para o sistema hegeliano, podemos admitir que há, na filosofia de Hegel, a necessidade da contradição para a definição do verdadeiro e, desse modo, há, também, a necessidade de uma definição objetiva da contradição (Ferrer, 2016, p. 88). Nesse sentido, o objetivo principal desta comunicação será apresentar e discutir algumas das possíveis interpretações sobre a definição de contradição.