Fascismo e democracia: as forças antidemocráticas no seio das democracias na sociedade moderna de massa
MANENTI, Taís Barbosa – FFC/UNESP
Orientador: Sinésio Ferraz Bueno
Palavras-chave: Teoria Crítica; Adorno; Fascismo;
O presente trabalho tem como objetivo explicitar o diagnóstico adorniano, expresso em Liderança democrática e manipulação de massas, em relação a democracia moderna e o desvanecimento do funcionamento democrático da liderança na sociedade moderna de massa e sua intrínseca relação com o surgimento do fascismo. Conforme descreve o autor, a definição rousseauniana de democracia enquanto um regime político que opera através da delegação de autoridade ao líder por parte dos cidadãos para que o mesmo possa falar e agir em prol dos mesmos, guiando-os através da argumentação racional, não corresponde à realidade. A liderança promovida pela moderna sociedade de massa é, nas palavras do autor, rígida, autônoma e com fortes traços autoritários. Nessa circunstância, a liderança opera através da máquina eleitoral e está vinculada, necessariamente, a um partido político, analisado por Freud em termos organizacionais, oferecendo a Adorno condições de concluir com base no pensamento freudiano, que a democracia alimenta, em seu seio, forças antidemocráticas. Esse diagnóstico adorniano, leva o autor a elaboração de tarefas cabíveis a liderança democrática ‘ideal’ como parte de um projeto antiautoritário. Para o autor, a principal tarefa da liderança verdadeiramente democrática seria atingir por meio do princípio da verdade alguns pontos vitais do antidemocratismo, levando, assim, os indivíduos a refletirem sobre suas atitudes afim de que percebam que não é possível que haja democracia sem o princípio da igualdade humana. Os esforços dessa liderança devem ser direcionados ao ponto em que as disposições subjetivas e os estímulos antidemocráticos convergem. Essas disposições subjetivas pelo autor referidas foram abordadas no estudo coletivo realizado pelo Instituto de Pesquisa Sociais, em sua fase norte-americana, intitulado The Authoritarian Personality, publicado em 1950. O intuito desse estudo consistia em evidenciar a potencialidade fascista contida nos indivíduos, ou seja, disposições psicológicas presentes nos indivíduos que os tornam suscetíveis aos conteúdos propagandísticos disseminados pelos agitadores fascistas. Deste modo, Adorno buscou compreender, à luz da psicanálise freudiana, os conteúdos ideológicos autoritários manifestos na democracia norte-americana, a metodologia pela qual eram disseminados e o porquê as pessoas aderiam a eles buscando, dessa forma, desenvolver um projeto antiautoritário capaz de combater o fascismo no seio das democracias modernas.