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Considerações sobre o conceito de guerra em Rousseau

 

LAZARO, Gabriel Von Prata – FFC/UNESP

Orientador: Ricardo Monteagudo

Palavras-chave: Guerra; Rousseau; Estado; Hobbes

 

O presente trabalho visa apresentar o conceito de guerra segundo a filosofia de Jean-jacques Rousseau. Diferentemente de outros pensadores, como Hobbes, Locke e Pufendorf, Rousseau promove uma forma um tanto mais jurídica de se compreender a guerra. Isto é, não sustenta, assim como o senso comum, que a guerra é apenas litígio, mas ao contrário, particulares não podem promover guerras, apenas Estados. O objetivo deste trabalho é explorar o que até mesmo Derathé (2009, p. 207) destaca como uma relação paradoxal do pensamento de Rousseau. Mas longe de ser contraditório, a postura de Rousseau promove intensa reflexão a respeito do que postulam seus contemporâneos sobre propriedade privada, direito, moral e segundo as relações entre estados. Para fundamentar essa postura, Rousseau parte da constituição do ser humano natural. Para Rousseau, uma das características centrais do litígio humano parte da noção de propriedade privada, noção esta que, se de um lado justifica o conceito de guerra tido por Hobbes, Locke e Pufendorf, para o genebrino o ser humano natural está livre deste mal, não reconhece a propriedade privada. Esta é uma característica do ser humano policiado. Assim, Rousseau aponta que só há guerra a partir do estado civil. Mas por outro lado, como cidadãos de um Estado, a representação de si em uma guerra também deve ser levada segundo o Estado. Cidadãos só são inimigos enquanto representam seus Estados, assim, Rousseau demonstra que a guerra  entre Estados leva a inimizades por acidente, e só são inimigos enquanto defenderem e estiver de pé o Estado que os representa. De outro lado, por uma via mais psicológica, trata-se uma condição de comparação, posição de Hobbes, em que o orgulho se torna a fonte de guerra de todos contra todas. O que não é aceito por Rousseau. Trata-se uma questão metodológica de pensar o ser humano natural sem que não o confundam o social. Esta é a tese de Rousseau que diferencia a natureza do orgulho, na relação psíquica, e mais uma vez divide ambos em relação à natureza de guerra entre seres humanos. Para fundamentar essa diferença, Rousseau, estabelece a relação de paixão e racionalidade, de modo que a primeira é anterior a segunda e a segunda só transforma o ser humano pela difusão social, de modo que o caráter comparativo transforma o amor de si no amor-próprio. Ou seja a divisão entre a natureza do orgulho hobbesiano para o amor-próprio rousseauniano é uma questão de gênese. Portanto, busca-se abordar a narrativa de Rousseau, a fim de justificar sua posição tão díspar a respeito do conceito de guerra.

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