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Violência em Foucault: a reflexão de Frédéric Gros

 

LUIZ, Felipe – FFC/UNESP

Orientador: Ricardo Monteagudo

Palavras-chave: Foucault; Gros; Violência

 

Em um artigo recente, Frédéric Gros, um dos maiores comentadores de Michel Foucault, nos brinda com a ideia da reflexão que podemos empreender relacionando a obra de Foucault, especialmente sua parte política, com a violência. A filosofia política tem uma verdadeira tradição de análise da violência, com autores vários refletindo sobre seu significado, formas de apaziguá-la e, mesmo, sua utilização como instrumento político, autores estes tão diversos como Maquiavel, Hobbes, Engels, Agamben, Benjamin, Arendt e Zizek. Foucault pode ser enquadrado como mais um nome a refletir sobre a violência, especialmente em Surveiller et Punir, obra centrada nas formas através das quais as relações de poder plasmam os corpos na modernidade. A abertura do texto, com a descrição muito viva de um suplício nos marcos do Ancien Régime francês, já evoca certa reflexão sobre as formas de utilização da violência na antiga sociedade francesa. O correr do livro, onde esta violência foi substituída por formas menos violentas de poder, mas, nem por isso, menos incisivas, também lançam luz sobre as relações entre poder político e violência mas hodiernamente, através da ideia da anatomopolítica, isto é, das formas pelas quais o poder investe o próprio corpo, diretamente, visando adestra-lo. Outros textos de Foucault, como a Histoire de la Sexualité — la volonté de savoir e Il faut défendre la Société, também podem ser tomados como analíticas sobre a violência contemporânea do poder, através do conceito de biopolítica, apresentado nestas obras.  A biopolítica nada mais senão o enquadramento da própria vida pelas relações de poder, mas, ao contrário da anatomopolítica, não se trata da vida como corpo vivo, mas da população enquanto força viva. Este enquadramento passa pela forma da regulação, onde os fenômenos próprios a uma massa de corpos são tomados em marcos de normalização, visando gerar uma população saudável, útil enquanto força de trabalho, entendida como a riqueza de uma nação. Nossa comunicação se centra em analisar as formas violentas que podem assumir a anatomopolítica e a biopolítica a partir das reflexões de Gros, de modo a inscrever Foucault na longa tradição de pensadores da violência.

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