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O conceito de “padrão que liga” no contexto da epistemologia evolucionária

MATTOS, Rafael Otavio Ribeiro de - FFC/UNESP

Orientadora: Mariana Claudia Broens

Agência de Fomento: CNPq

Palavras-chave: Padrão que Liga, Bateson; Epistemologia Evolucionária; Percepção Direta

Esse trabalho propõe uma investigação acerca da Filosofia Ecológica, mais especificamente do conceito de “padrão que liga” na perspectiva da epistemologia evolucionária. Trata-se da análise do aspecto epistemológico da Filosofia Ecológica, e como os autores dessa área (Bateson, 1986; Gibson, 1986) fornecem elementos teóricos para contribuir para  um modelo alternativo aos modelos racionalistas tradicionais de epistemologia e, além disso, para clarificar problemas epistemológicos que permeiam a história do pensamento (por exemplo, sobre a natureza dos processos perceptivos e cognitivos subjacentes à constituição de crenças). Duas interrogações centrais que analisaremos são: sob o ponto de vista dos teóricos da filosofia ecológica, quais as implicações epistemológicas de uma abordagem direta, não mediada, da percepção? Como se distingue essa epistemologia evolucionária dos modelos de epistemologia tradicionais? A epistemologia refletida a partir das teorias da Filosofia Ecológica se caracterizaria por ter um caráter mais naturalista. Os teóricos dessa nova epistemologia sugerem que as capacidades perceptivas e cognitivas que atuam para a produção de crenças são produto do desenvolvimento natural, co-evolucionário, da espécie humana. Dessa forma, é possível defender que, por exemplo, o ato de conhecer, sendo esta uma atividade natural, pode ser analisado através de modelos e métodos filosófico-interdisciplinares que envolvem também ciências naturais, evidenciando a relevância de abordagens interdisciplinares de questões filosóficas. Essa perspectiva epistemológica com um caráter mais interdisciplinar é caracterizada como Epistemologia Evolucionária, em alusão à teoria da evolução, uma de cujas principais teses é a de considerar que os processos adaptativos que envolvem capacidades cognitivas e perceptuais são epistemicamente relevantes para compreender tais  capacidades. Bateson, em sua obra Mente e Natureza, propõe que nossa capacidade de diferenciação, isto é, de reconhecimento de diferenças, resultante de processos adaptativos, desempenha um papel cognitivo central nem sempre levado em consideração pelas abordagens tradicionais sobre a natureza do conhecimento. Essa capacidade, que envolve processos perceptivos específicos, como, por exemplo, a binocularidade em seres humanos, permite o reconhecimento de especificidades e elementos comuns, ou padrões observáveis, desenvolvidos nos seres vivos através de processos evolucionários. Para Bateson (1986), em última análise, o conhecimento científico teria se originado dessa capacidade e transmitido de uma geração humana à outra, em um processo constante de desenvolvimento. O conceito de “padrão que liga” é central na teoria de Bateson e iremos apresentar como tal conceito pode se inserir  no contexto da epistemologia evolucionista.

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