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O conceito de loucura na Filosofia do Espírito de Hegel

AIELLO, Felipe - FFC/UNESP

Orientador: Ricardo Pereira Tassinari

Palavras-chave: Hegel; Razão; Loucura; Cura por palavras; Fantasia

Diferentemente dos animais e da natureza em geral, diz Hegel (§381) ser somente o ser humano que “se eleva [...] à universalidade do pensamento, ao saber de si mesmo, ao compreender de sua subjetividade, de seu Eu”, assim, somente ele pode afirmar-se enquanto a pura interioridade a que chama espírito. Ao mesmo tempo em que ele tem para si esta qualidade distinta e de si se vangloria dela perante os animais, ele em contrapartida tem “o privilégio, por assim dizer, da loucura e do delírio (§408)”. Assim Hegel não só atribui ao pensar a grande elevação do ser humano, mas também sua descensão. E esta consiste no seu privilégio da loucura e do delírio iminente. Esta é a decorrência imediata de sua capacidade de pensar. A loucura é para Hegel um estado de consciência, em que um conteúdo determinado se fixa à consciência do indivíduo. Este conteúdo pode ser um delírio ou uma fantasia. Este estado de consciência é tomado como uma representação, a qual o indivíduo vacila em sair. Por isso ele está em contradição entre a representação fixa e a objetividade. Há nos dementes a capacidade de ver seu estado de coisas interior, separado da objetividade ou da realidade. Assim nesta forma de loucura, o indivíduo pode vislumbrar ambos os estados, sem no entanto, escapar de sua contradição intrínseca, mas o propelindo para sua possível cura. Uma das questões a respeito do procedimento de terapia ou cura psíquica, é que não se pode indicar uma medicação de forma universal. A medicação, diz Hegel, “vai [...] muito para o empírico, portanto para o inseguro”. É preciso como, mostra Hegel, incidir na representação do indivíduo, ou seja, tratar de seu pensamento. Muitas vezes, afirma Hegel (§408) “a loucura se cura também por uma palavra agindo imediatamente sobre a representação”, ela pode agir como uma inversão de seu estado de consciência enfermo. Hegel cita exemplos de refutações feitas às representações dos doentes, que lhes ajudaram a superar sua condição.Para tanto, aqueles que cuidam do enfermo adentram o delírio do indivíduo de modo a tratá-lo. No exemplo do inglês, ao entrar no conteúdo de seu delírio, o inglês pôde, com auxílio do médico, superar o antagonismo entre seu delírio e a objetividade. No momento do vomitório, fez seu delírio transpor à realidade exterior, fazendo ele crer que tivesse vomitado uma carroça de ferro, deixando a oposição interior e exterior, para fazer da realidade somente interioridade.

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