Neopragmatismo e pós-verdade no contexto das tecnologias de informação e comunicação
DUCATTI, Gabriel Engel – FFC/UNESP
Orientadora: Mariana Claudia Broens
Agência de Fomento: FAPESP
Palavras-chave: Verdade; Pós-verdade; Sentimentalidade; Fake News
O presente trabalho tem o objetivo de discutir a caracterização de sentimentality, traduzido livremente por nós como sentimentalidade, à luz do neopragmatismo de Richard Rorty a fim de refletir sobre o contexto contemporâneo das tecnologias de informação e comunicação (TICs), o qual coincide com o surgimento do termo pós-verdade. Julgamos que foi majoritariamente em sociedades informatizadas, nas quais uma grande parte da população mantém-se interagindo através das TICs, que o termo pós-verdade mais se evidenciou na dinâmica social e que as fake news mais surtiram efeitos, tais como confundir e desinformar. Rorty, autor que é comumente tido como relativista radical por defender um abandono da busca pela verdade na investigação filosófica, propõe um sentido de racionalidade que entendemos aproximar-se de sua caracterização de sentimentalidade. Propomos neste trabalho contrastar a postura rortyana, distanciando-a de um antirracionalismo, com a noção de pós-verdade, que, grosso modo, diz respeito à desconsideração da noção de verdade e um predomínio da intenção de afetar aspectos emocionais das crenças individuais e coletivas; argumentaremos no sentido de que Rorty, apesar de suas hipóteses, não concordaria nem seria conivente com uma postura de “pós-verdade” e com a disseminação de fake news que se dá, sobretudo, por meios digitais. Sendo assim, consideramos crucial a discussão sobre possíveis impactos ético-epistêmicos (neste caso, impactos no modo como é caracterizada a noção de verdade) do uso indiscriminado e ingênuo de TICs no atual contexto. Tal reflexão a partir de um ponto de vista filosófico-interdisciplinar pode colaborar na compreensão dos porquês do aparente impacto social de estratégias digitais como as fake news, pois sabemos que estas estratégias, as quais desconsideram a verdade e buscam afetar sentimentos, têm sido amplamente utilizadas no campo publicitário, bem como no campo político. Assim, julgamos como fundamental a presente discussão não só por sua relevância de cunho teórico, mas também no que diz respeito ao presente e ao futuro das democracias, as quais se encontram imersas em uma nova dinâmica que parece favorecer cada vez mais o digital.