Filosofia e Arte: o empirismo nos contos de Voltaire
RODRIGUES, Ana Beatriz Alves – FFC/UNESP
Orientadora: Ana Maria Portich
Palavras-chave: Voltaire; Empirismo; Literatura
Esta comunicação tem por objetivo o revolvimento das relações existentes entre Filosofia e Arte por meio do legado intelectual de Voltaire (1694-1778). A figura do filósofo francês é interessante na medida em que aponta para uma abordagem não essencialista da filosofia. Entre as implicações disso, detectamos a necessidade de se pensar uma forma de discurso outra que não a já consagrada pela tradição. Nesse sentido, Voltaire brinca com a realidade de maneira séria, o que é responsável por conferir contundência ao seu pensamento. Na arte encontra o substrato mais adequado para expressar o ideário filosófico de seu tempo além, é claro, das próprias concepções. Deve-se perguntar: se a Filosofia pode falar de Arte, por que o caminho inverso se faria menos válido? Quais as vantagens a Filosofia pode auferir quando da sua abertura ao discurso propiciado pela Arte, notadamente pela Literatura? Isso posto, partiremos de uma breve análise do conto voltaireano intitulado Micrômegas, analisando como os dados empíricos são cruciais para a compreensão do sujeito enquanto tal. Como condutores da discussão no âmbito da teoria literária temos, de igual modo, Ian Watt, Mikhail Bakhtin e Antonio Candido, além das notas filosóficas de Maria das Graças de Souza e Rodrigo Brandão. Entender a forma por que a filosofia pode transgredir os próprios domínios é enriquecedor, pois demonstra como ela não precisa necessariamente estar sob a clausura de grandes volumes de linguagem hermética para ter o seu lugar respaldado. A filosofia não é descaracterizada – apenas se apresenta em uma outra roupagem. A leveza da comunicação artística é responsável por estender os domínios filosóficos enquanto expande os próprios, porque aborda filosoficamente questões que estão prementes em suas cores, ritmos e nuances. O presente trabalho é partidário de que arte e filosofia antes de se tornarem uma massa uniforme e indistinguível, caminhem pari passu e tornem o ser humano mais desperto para a sua subjetividade, bem como para a dos demais, posto partilharem suas vivências e momento no universo.