As características da consciência como superação ao solipsismo na obra A Transcendência do Ego, de Jean-Paul Sartre
PIZELLI, Fabrício Rodrigues – UNESP
Orientador: Paulo César Rodrigues
Agência de Fomento: FAPESP
Palavras-chave: Sartre; Solipsismo; Transcendência; Ego; Intencionalidade
Jean-Paul Sartre, ao estabelecer suas críticas às doutrinas filosóficas que consideram o “Eu” como estrutura a priori imanente na consciência, postula que a consciência é um “campo transcendental pré-subjetivo” ou impessoal. Contudo, para Sartre atingir tal caracterização da consciência, o autor sofreu influência da noção de intencionalidade aborda por Edmund Husserl, a qual foi estabelecida no §84 de Ideias I como “consciência de alguma coisa”. Dessa maneira, Sartre interpreta a intencionalidade como um ato espontâneo em direção ao mundo, no intuito de apreender um objeto transcendente. Ademais, ao expulsar o “Eu” na consciência,Sartre considera que esse “Eu” é um objeto no mundo tal como os demais, de modo que, a consciência, via intencionalidade, apreende o “Eu”. O grau da consciência antes do “Eu” ser apreendido no movimento fenomenológico Sartre denomina-o de irrefletido, o qual seria uma consciência que se esgotasse no próprio objeto apreendido. Deste modo, condutas ocorrida sem um instante que o sujeito não consegue refletir a respeito e toma ações imediatas de notam um momento em que a consciência não é o seu próprio objeto no âmbito da ação, ou seja, não são da mesma ordem que o cogito. Em seguida, tem-se o grau do refletido que diz respeito, por exemplo, às lembranças de atos irrefletidos, nos quais o “Eu” aparece na consciência. Por último, expõem-se o grau do reflexivo caracterizado pelo fato de reconhecer os atos da consciência reflexiva e escolher a partir disso, de modo a ter total clareza na escolha. Posto isso, destaca-se que a consciência ao se tornar vazia pela intencionalidade ela também mantêm sua autonomia enquanto atividade espontânea, de modo que, em Sartre não há a postulação de nenhum tipo de inconsciente ou “Eu” transcendental, uma vez que, tais estruturas imanentes na consciência possam a vir culminar em um solipsismo. Portanto, há em A transcendência do ego uma articulação entre três graus/momentos da consciência se relacionar com os objetos e consigo mesmo, de modo a garantir a autonomia da consciência perante o mundo sem recorrer aos conceitos de “Eu” como em Kant e Husserl ou à noção de “inconsciente” como em Freud.