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O conceito de estratégia em Beaufre

LUIZ, Felipe – UNESP

Orientador: Ricardo Monteagudo

Palavras-chave: Estratégia; Beaufre; Filosofia da Guerra

Nos debates contemporâneos sobre filosofia da guerra, salientam-se três nomes, em ordem cronológica: Clausewitz, Liddel Hart e André Beaufre. Na interação entre estes três autores, a filosofia da guerra contemporânea emergiu. Clausewitz, prussiano que lutou nas guerras napoleônicas, propõe a determinação política da guerra, exacerbando suas características de dependência em relação à política e ao estado. Já Liddel Hart, inglês que participou da Segunda Guerra Mundial, analisando conflitos desde a Grécia Antiga, propõe a guerra desde o ponto de vista da aproximação indireta; para Liddel Hart, Clausewitz seria o teórico da estratégia direta, com dois exércitos de nações-estado se enfrentando. Liddel Hart propõe a estratégia de aproximação indireta, com os exércitos se enfrentando em outro marco, havendo o desgaste de uma das partes por aquela que está se valendo da estratégia de aproximação indireta. Para Liddel Hart, esta seria uma característica de todos os exércitos vencedores desde a Antiguidade. Já Beaufre, autor de ascendência francesa, coupando os mais altos postos do establishment francês, é considerado o autor por excelência da estratégia na era das armas nucleares. Em seus dois livros, “Introdução à estratégia” e “estratégia da ação” Beaufre busca nos brindar com um conceito de estratégia universalmente válido, malgrado o autor saliente que não existe um modelo de estratégia universalmente aplicável a todas as situações. Bem ao contrário, para Beaufre, a estratégia é um sistema de pensamento no qual diante de uma situação de conflito, se aplica uma resolução aplicável ao momento. Para Beaufre, a estratégia é a arte de fazer prevalecer sua vontade sobre a do inimigo em uma situação de conflito, de “dialética de vontades”. Para Beaufre, contudo, existem modelos de conflitos, e o autor expõe paradigmas de ação diante de diferentes situações conflituosas, utilizando outros autores, como Mão Tse Tung (Mão Zedong), e Liddel Hart. Nossa comunicação se centra em expor estas concepções de Beaufre, intentando avaliar seu papel, no diálogo com Clausewitz e Liddel Hart, e estabelecer sua concepção de estratégia, a fim de trabalhar no desenvolvimento de uma noção filosófica de estratégia. Como se sabe, tal qual expõe o General Meira Matos, na relação hierárquica entre os saberes, a filosofia política expõe as características mais gerais de uma sociedade, a ciência política os torna utilizável e a estratégia executa as noções. Nestes marcos, nos interrogamos se o conceito de estratégia é infra-filosófico ou se podemos trabalhar no estabelecimento de uma noção filosófica de estratégia.

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